
Mas há um efeito colateral disso, muitos sub-produtos de super heróis acabam sendo baseados em seus filmes, o que nem sempre é a melhor idéia. Os filmes são as versões que o grande público conhece, mas ela já é um destilado do material original, destilar mais ainda normalmente não dá bons resultados.
Isso é especialmente verdade nos games. Nos últimos dez anos, tivemos uma tonelada de games de heróis e grande parte destes foi baseada nos filmes dos mesmos. Com exceção de Spider-Man 2, a maioria absoluta destes games era lixo inquestionável (Superman Returns... oooohhhh... a dor...). Qual o problema em se criar games baseados diretamente nos quadrinhos?
Pois é o que Spider-Man Shattered Dimensions faz. E o game não se baseia em apenas uma, mas QUATRO versões diferentes do Homem-Aranha, todas provenientes de linhas diferentes dos quadrinhos do herói.
E como isso funciona? Vem comigo que eu te conto!

Felizmente, o Homem Aranha recebe a ajuda da Madame Teia, uma das psíquicas mais poderosas do mundo (e uma das coadjuvantes mais importantes de sua mitologia), que estabelece contato com outras três versões do herói, existentes em outras realidades e épocas. Os quatro Homens-Aranha juntos devem recuperar as partes da placa para restabelecer o equilíbrio cósmico e salvar a tudo e a todos.
A história é simples, mas cumpre tudo que se propõe a fazer. O maior atrativo do game não é um enredo digno do Oscar, mas sim a oportunidade de jogarmos com quatro versões diferentes do aracnídeo: Noir (do universo Marvel Noir, que se passa na década de 1930), Ultimate (o Aranha adolescente da linha conhecida por “Marvel Millenium” no Brasil) e 2099 (da linha de quadrinhos que se passava no futuro do Universo Marvel tradicional).
Não apenas temos versões diferentes do herói, como também de seus vilões. Oponentes clássicos como Doutor Octopus, Elektro, Abutre e Kraven dão as caras em todas as fases. Alguns em suas encarnações de sempre e outros em versões adaptadas as suas respectivas novas realidades.
É um fanservice enorme sim, mas e daí? Nem todo Fanservice é composto de peitudas de Anime semi nuas.

Os universos Clássico e Ultimate possuem um visual que se assemelha muito ao de seus quadrinhos de origem, com cores muito vivas por todos os lados. A diferença entre eles é que o universo Ultimate possui traços mais fortes e o visual extremamente limpo, comum aos quadrinhos contemporâneos, colorizados por computador, enquanto o universo Clássico se assemelha mais aos quadrinhos do passado, quando os artistas tinham de usar a força de seus braços e a garra em seus corações para produzirem histórias de super heróis.
...
Algum fã de quadrinhos de longa data com certeza entendeu o que eu quis dizer.
O universo Noir utiliza tons de sépia e muitas sombras, algo típico deste gênero (como aprendemos com Sin City). Logicamente, esta dimensão é muito mais séria e sombria que as demais e a sua construção visual sem dúvida ajuda nesta ambientação.
Finalmente, o universo 2099 é o que mais se assemelha a um vídeo game normal, talvez como uma forma de representar o que ainda virá. Todos sabemos que os games são O FUTURO, certo?
Certo?
...
Bah, vocês não sabem de nada.
A trilha sonora não empolga muito. As músicas presentes no game não ofendem o jogador, mas também não empolgam, de fato, elas são completamente ignoráveis.
A dublagem é outra história e foi claramente produzida com enorme respeito e carinho aos fãs. Cada Homem-Aranha do game é interpretado por um ator que já emprestou sua voz ao personagem no passado.
O Aranha clássico é dublado por Neil Patrick Harris (que o dublou naquela horrenda série em CG), o de 2099 empresta a voz de Dan Gilvezan (que trabalhou em Homem-Aranha e seus Fantásticos Amigos), Homem-Aranha Noir é interpretado por Christopher Daniel Barnes (ator que dublou o herói na série animada da década de 1990) e finalmente, a versão Ultimate do herói recebe a voz de Josh Keaton (que também foi o Parker na recente série O Espetacular Homem Aranha).
Para um fã do Homem-Aranha que acompanhou todas as versões animadas do herói desde os anos 80, este game é um orgasmo nerd, eu juro.
O melhor de tudo é que todos ainda estão afiados ao interpretar o personagem. Aqui, o Homem-Aranha dispara piadinhas a cada dois minutos, assim como deve ser. Nada de herói maníaco depressivo como vimos no cinema.
Desculpe Tobey Maguire. Você é bom, mas nunca será o Homem Aranha para mim.
E a cereja do bolo? STAN LEE EM PESSOA NARRA ESTE GAME!!!
EXCELSIOR!!!

É, pois é.
Pode parecer um passo pra trás, mas funciona muito bem. Nem sempre um mundo aberto para se explorar é uma boa... todos lembramos de Spider-Man 3...
O game é dividido em três capítulos e cada um tem quatro fases, uma para cada versão do herói. Os universos Clássico, Ultimate e 2099 são os que se assemelham mais entre si, então falarei deles primeiro.
A construção das fases é bastante simples e sua missão normalmente consiste em perseguir o vilão específico da área e enfrentar todos os obstáculos que ele joga em seu caminho até o confronto final do capítulo. Há muitas etapas de combate e nossos heróis possuem uma gama de ataques especiais e combos bem vasta para lidarem com isso. Novos golpes podem ser comprados eventualmente, o que aumenta ainda mais o potencial agressivo dos Homens-Aranha.
As etapas do universo Noir se focam menos no combate direto e mais no stealth. Na maior parte do tempo, será preciso se esgueirar pelas sombras e cantos e neutralizar os inimigos sem que eles percebam (como em Batman: Arkham Asylum), se for detectado, é melhor fugir do que tentar um confronto direto com os adversários.
Como os universos 2099 e Ultimate são mais focados em combate que os demais (especialmente o Ultimate), os heróis destas realidades possuem poderes especiais para os momentos que a coisa apertar. O Homem-Aranha 2099 pode desacelerar o tempo, o que lhe dá vantagens óbvias em combate além da capacidade de direcionar projéteis teleguiados até seus inimigos. Já o Aranha Ultimate pode ativar um modo de “Fúria”, onde seus ataques se tornam muito mais rápidos, perigosos e afetam uma área maior.
Os combates contra os chefes são um espetáculo a parte, não basta colar neles e surrá-los, é preciso ser esperto e fazer uso do cenário para causar dano neles. Por exemplo, o Homem-Areia só fica vulnerável quando está molhado então é preciso arremessar barris de água nele antes de partir para ignorância. Este tipo de pegada se repete na maior parte dos confrontos com os super vilões.
Isso pra não mencionar as trocas de socos em primeira pessoa com eles, que são muito legais.
Finalmente, existem vários desafios podem ser completados em cada fase, que vão desde nocautear um grupo de inimigos em um tempo determinado até alcançar o Fanático usando como plataforma os objetos que ele arremessa em você. Nenhum destes desafios é obrigatório, mas todos acrescentam um tempero extra ao jogo e rendem pontos que podem ser gastos melhorando os heróis. E quanto mais desafios cumprir, mais habilidades, combos e uniformes novos ficam liberados para a compra. É possível descolar as roupas de Fantástico Homem-Saco ou o do Homem-Aranha de 1602.
Eu disse que este game é um orgasmo nerd.

Tudo que o personagem é, foi representado com fidelidade no game, desde seu senso de humor ao seu eterno heroísmo. O game tem um pouco de tudo para todos, tanto fãs obsessivos quanto os mais novos.
O povo que tá correndo com a produção dos games novos do Thor e Capitão América (baseados nos filmes, claro) poderiam aprender um pouquinho com Spider-Man: Shattered Dimensions... mas o que se vai fazer?
link:http://hammergamerblog.blogspot.com/
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